Tia Célia tem 62 anos, mora em Lins, tem três filhos, dois deles morando na gloriosa Jundiaí. Há coisa de uns dez anos, durante uma das férias em família em sua casa, Célia me contou, meio encabulada, sobre o livro que ela havia escrito, ao longo dos últimos anos, em pilhas de cadernos e que ela acabara de transcrever no computador.

Semana passada, o pessoal do programa Jogo de cintura, da TV Tem, que é a Globo em Lins (e em Jundiaí também) exibiram uma reportagem sobre jovens da terceira idade que resolveram encarar novos desafios. E, tchanã, incluíram a história da tia Célia e, de quebra, conseguiram apoio de uma gráfica e uma editora de Bauru para publicarem o livro dela. Confira a reportagem na página programa (ela aparece a partir dos 4’27), com direito à lindeza de tia Célia se emocionando ao ver o livro pronto, de supetão.

Eu não entendo nada, evidentemente, mas acho que a parte mais bonita da história eles não incluíram.

É que tia Célia é dona de casa, tio Alcides já estava aposentado e seus três filhos estavam em idade de vestibular. Daí que, para investir na educação dos filhos, eles compraram um carrinho de cachorro-quente e foram para o centro de Lins vender sanduíche para pagar o estudos dos três, à noite, em meio ao movimento dos cursinhos e escolas noturnas. Entre o horário de entrada dos estudantes e o horário de saída, os picos de venda de hot-dogs, tia Célia resolveu matar o tempo ocioso escrevendo um romance, “A flor da montanha”. À mão, nos cadernos. Lindo, né? Os três filhos se formaram e agora o livro foi publicado.

Ontem dia Célia passou um e-mail aos amigos pedindo dicas (e patrocínio) para organizar a noite de autógrafos. Se alguém tiver dicas de coquetel, divulgação, espaço etc, manda uma mensagem para ela no Facebook. Ou deixe aqui nos comentários que eu dou um jeito. Parabéns à minha nova colega de literatura, tia Célia.