Caráter define argumentos
A campanha da Atea, contra o preconceito a ateus, é muito valente e tudo, justa até, mas tem um erro de informação e um erro conceitual.
O erro de informação pode ser checado na completíssima biografia Bonhoeffer: Pastor, Profeta, Mártir e Espião, de Eric Metaxas, que acabou de sair no Brasil. O livro conta a história de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano que se envolveu numa trama para assassinar o Füher e acabou morto pelos nazistas em 1943.
Hitler não acreditava em Deus. Ao menos não no Deus cristão, o que morreu na cruz, a quem, como Nietzsche, considerava um fraco. Seus pronunciamentos públicos eram ensaiados para causar empatia popular entre católicos e protestantes, mas todo seu círculo íntimo é unânime em registrar sua aversão ao cristianismo.
E o erro conceitual é o mesmo que Donald Miller já registrou em seu ótimo livro Como os pinguins me ajudaram a entender Deus:
“Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe – e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso”.
Eu também não estou interessado nisso. Que papo bobo, esse.
Ou seja: preconceito contra ateus, não. Campanhas com argumentos ruins, ou desonestos, também não.