Por que não sou “contra” Bolsonaro
Nas últimas 72 horas, explodiu em minha timeline as hashtages #elenão e #homenscontrabolsonaro, se somando à #mulherescontrabolsonaro como uma tentativa de posicionamento público contra o candidato do PSL à presidência da república e líder em todas as pesquisas de intenção de voto. À parte a incoordenação (vamos combinar aí, pessoal), me pareceu útil explicar o seguinte: não sou contra Bolsonaro. Me parece que dizer que não sou contra Bolsonaro, inclusive, é a melhor forma de dizer por que não votarei e não votaria jamais em Jair Bolsonaro.
Ilumina essa conversa o conteúdo da BBC Brasil medindo, tabulando e comparando os discursos e os projetos do candidato ao longo de 27 anos de vida pública. É revelador; não deixe de ler neste link.
Jair Bolsonaro foi eleito como um representante dos militares para defender os direitos (ou os privilégios, dependendo do seu ponto-de-vista) dos militares. Ponto. Você pode ser contra, como eu sou contra, a ideia de organizar a vida política brasileira como um jogo de várzea entre bancadas que colocam seus interesses próprios acima dos interesses coletivos – como fazem a bancada ruralista, a bancada evangélica ou sindicalista. Eu sou contra as perversões do sistema representativo, mas não posso ser contra as pessoas que, pensando diferentemente de mim, se organizam para representar aqueles que os elegeram. Não sou contra esse Bolsonaro “original”. É do jogo democrático.
Sobre esse assunto, recomendo fortemente o episódio “O crescente poder das bancadas temáticas no Congresso” do podcast “Politiquês”, do Nexo:
Bolsonaro era isso e nada mais do que isso. Sua vida era subir na tribuna para defender o direito à pensão para herdeiros de militares, os benefícios para militares e outras “causas” que só interessam aos militares, mesmo à custa do interesse público. Eram essas suas ambições: receber auxílio moradia, votar de acordo com o que é interessasse à sua classe (mesmo se fosse junto com a “comunista” Luiza Erundina), viver de recursos públicos, acumular aposentadorias, eleger a esposa como vereadora, depois o irmão, depis arrumar emprego para os filhos na máquina política e levar aquela vida típica dos parlamentares que a gente só sabe que existem em votação de impeachment transmitida em horário nobre na televisão. Eu sou contra a ideia que os brasileiros fazem da política como uma classe especial, como se Brasília fosse o Olimpo. Mas não foi Bolsonaro que inventou isso. Também não sou contra esse Bolsonaro.
O capitão começou como vereador no Rio de Janeiro. No meio do mandato concorreu e se elegeu deputado e lá esteve pelos 25 anos seguintes. Dos seus 171 projetos de lei e 470 proposições apresentadas, somente dois se transformaram em lei – um que isentava produtos de informática do IPI e outro que autorizava o uso da fosfoetanolamina. Seu projeto aprovado “mais importante”, segundo ele mesmo, foi o voto impresso, que o Supremo considerou inconstitucional.
E assim seguiria sua vida pacata de deputado federal não fosse a mídia.
O que mudou o curso de Bolsonaro (e talvez mude o curso do Brasil) ocorreu em 2011, quando o programa CQC resolveu transformá-lo numa espécie de ícone do que havia de mais bizarro em Brasília. Se você não se lembra, o programa CQC era a atração da Band que partiu do humor de constrangimento do Pânico na TV adicionando a ele pitadas de crítica política – o que, combinado ao figurino terno-e-gravata, dava ares de “inteligência” ao programa. “O CQC teve um papel principal (no fenômeno Bolsonaro)”, admitiu Monica Iozzi ao canal Love Treta apresentado pelo também ex-CQC Rafael Cortez. “Pra gente ele era um cara tão ignorante, tão patético, sem nenhum tipo de competência e com valores morais tão deturpados, que ele era engraçado.” Ao que Rafael Cortez completa: “Ele era um personagem”. Confira o vídeo completo (a pergunta sobre Bolsonaro está em 5’28):
Além de transformá-lo em atração constante de sua “cobertura política”, os vídeos do CQC renderam muito material para a aurora dos compartilhamentos em redes sociais – Bolsonaro percebeu, e passou ele próprio a gravar as entrevistas que concedia e depois comparar com a edição do programa, rendendo ainda mais material para o Facebook, desta vez questionando, com razão, os métodos de edição da “imprensa”.
Em 2013, no início das manifestações contra corrupção, Joaquim Barbosa citou seu nome como o único que votou contra a Reforma da Previdência e a Reforma Tributária, apesar da “interferência dos pagamentos do Mensalão” junto aos partidos. O deputado usou o “Blog da Família Bolsonaro” para agradecer o que entendeu como o “reconhecimento público e idôneo” do então ministro do STF. Mesmo que, tempos depois, Barbosa declarasse o capitão como uma das três maiores ameaças ao Brasil (sendo as outras duas “um golpe de Temer” e “um golpe militar”), Bolsonaro agora era uma ilha de honestidade em meio ao lamaçal de corrupção.
O CQC saiu do ar em 2015, coincidentemente no mesmo mês em que iniciou-se o processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef. Em seu sétimo mandato como deputado, o nome de Jair Bolsonaro começa a ser ventilado como potencial candidato a presidente. O discurso do capitão muda: os interesses militares caem de 2,5 vezes por discurso para 0,76 por discurso, segundo o levantamento da BBC. Termos como “tortura”, “Cuba”, “esquerda” e “gays”, por sua vez, aparecem 7 vezes mais.
Numa campanha cerceada pelas leis mais rigorosas de financiamento, o PSL percebeu que suas declarações e polêmicas combinavam com o mundo de compartilhamentos das redes sociais.
Queria mostrar uma coisa para você. Um estudo feito pelo jornalista André Forastieri a respeito do Buzzfeed. Forastieri já foi diretor de novos negócios do R7 e estudou bem as novas mídias os novos comportamentos de mídia. E há alguns anos montou uma longa apresentação explicando o Buzzfeed, a partir de várias fontes – incluindo o Buzzfeed. Diz assim: “O Buzzfeed não faz posts para falar com todo mundo. Só com maluco!” e diz também: “O Buzzfeed fornece a esses maníacos uma plataforma para eles expressarem sua personalidade, sua identidade, sua superioridade até”.
Separei algumas telas pra gente refletir o quanto somos agentes e o quanto somos peões nessa floresta de “opiniões”, “consciência” e “engajamentos” das redes sociais:
E, claro, no ritmo ditado pelo Buzzfeed move-se toda a velha imprensa, incluindo as que querem ser famosas por seu jornalismo. Em busca de títulos e imagens e abordagens que sejam muito compartilhadas, que viralizem, que virem trend topic. E esta é a cobertura da corrida presidencial de 2018.
Voltando ao nosso assunto: Bolsonaro já era uma estrela criada pelo CQC e percebeu que poderia ser mais do que um personagem. O capitão se tornou a “plataforma” para que esses “maníacos” expressassem sua “superioridade” por meio das redes sociais. E, em cada oportunidade que teve desde então, em cada microfone que lhe direcionassem, passou a criar conteúdo para ser compartilhado ferozmente tanto pelos que sonham com a intervenção militar quanto pelos que a temem; tanto pelos misóginos quanto pelas feministas, tanto para os que o odeiam quanto para os que o amam, tanto pelos 26% que querem votar nele quanto para os 43% que não votariam nele “de jeito nenhum”. É exatamente assim que funcionam as redes sociais.
Me deixe falar um pouco como alguém de comunicação: Bolsonaro não é um grande comunicador. Mas numa confluência gigantesca, suas habilidades naturais se encaixaram perfeitamente no tipo de mídia que estamos consumindo nos anos 2010. Por isso, também neste sentido, não sou contra Bolsonaro. Sou, isso sim, radicalmente contra a espetacularização do jornalismo, contra a mídia feita de frases fortes e “lacradoras”, contra o “esse tem coragem”, contra os vídeos em que fulano “cala a boca” de sicrano, contra os parâmetros de cliques e compartilhamentos como medição de eficiência de conteúdo, contra esse câncer de um conteúdo de entretenimento inconsequente e irresponsável feito “para maníacos”. Foi isso que criou e amplificou Bolsonaro, e não o próprio Bolsonaro.
Chegamos a 2018 com um personagem cristalizado na cabeça das pessoas. A capa da Época, sobre “gays de direita” é exemplar: apesar de se dizerem constrangidos com a forma com que o candidato se refere publicamente a homossexuais, os “gays de direita” cristalizaram a ideia de que Bolsonaro é a solução para a segurança pública brasileira, e esta, com sentido, é uma preocupação fundamental para o público LGTB.
Agora: baseando-se em quê eles concluíram isso? Resposta: em memes, declarações bombásticas e frases fortes. Não há nada em três décadas de vida pública que minimamente aponte para concretizar a esperança dos “gays de direita”. Nem na vida pública, nem em seu já lendário programa de governo, definido por Bernardo Mello Franco como tendo a profundidade de um “trabalho escolar” em power point.
A estratégia do PSL, claro, é aprofundar-se o mínimo possível para que o próprio público crie o Bolsonaro que lhe é conveniente. E assim temos hoje um ícone da lisura na política mesmo tendo votado contra a proibição do nepotismo no setor público; um ícone na renovação em Brasília, mesmo tendo votado a favor do aumento de salário para deputados e senadores da aposentadoria especial para políticos; um ícone do antipetismo, mesmo tendo votado com o PT contra o plano Real; e um ícone do combate à violência mesmo que, como bem disse Geraldo Alckmin, sua única experiência com segurança pública seja “ter sido assaltado”.
É um mito, no sentido de que ele existe apenas na cabeça de seu eleitor. Por isso tampouco sou contra esse Bolsonaro ideológico, que é fruto único e exclusivo das aspirações de uma parcela gigantesca do brasileiro. Seria ser contra essas pessoas que estão usando Bolsonaro não como representante, mas como plataforma para seu próprio sentimento de vingança contra o sistema político, contra a violência urbana e contra a corrupção.
Mas quem levou uma facada em Juiz de Fora foi o homem Bolsonaro, não o mito, não o personagem do CQC ou o conteúdo dos memes. Um homem que poderia ter morrido por causa de uma mídia que privilegia “os maníacos” em detrimento à informação e à reflexão, que transforma constrangimento em “crítica política”, uma mídia feita de sabatinas em horário nobre em uma busca constante pela lacração. Não posso ser contra o ser humano Bolsonaro. Pelo contrário, acho que ele deveria ter seu papel assegurado na discussão democrática. Por isso não sou #homenscontrabolsonaro.
Na guerra das hashtags, eu seria #elenão.
Porque uma coisa é admitir o direito de Bolsonaro ser Bolsonaro e entender o mecanismo que levou “um ser humano tão vil” (nas palavras da Monica Iozzi) a se transformar em um fenômeno das redes sociais. Outra coisa é admitir a possibilidade de entregar a presidência do Brasil, um país tão complexo, em seu momento mais complexo, nas mãos de alguém que, ainda que fosse “um homem bom” (como disse Lobão) teria tanta condição de nos liderar quanto a minha avó ou aquele querido tio do interior que tenta ganhar as discussões no almoço de domingo na base do grito.
Neste ponto, não há mais argumentação possível. Porque os axiomas vão falar mais alto, e vão falar a partir de clichês. “Ele é o remédio amargo que o Brasil precisa” (como se a história do Brasil não fosse uma sucessão de 500 anos de remédios amargos, golpes, contragolpes e salvadores da pátria “contra tudo o que está aí”); “Ele pelo menos não se aliou aos mesmos de sempre”, como se o presidente eleito, seja o Meirelles ou o Boulos, não fosse obrigado a negociar (ou “se aliar”) “com os mesmos de sempre” no minuto seguinte à foto presidencial; “Ele é a renovação”, como se ele não representasse o que a política brasileira tem de mais ineficiente e caricatural, dos votos por interesse aos parentes dependurados aos funcionários fantasmas aos benefícios à virtual improdutividade.
Como se a saída para uma das maiores crises políticas da história não fosse a boa política, mas a não-política.
A verdade é que, ilusões midiáticas à parte, personagens do CQC à parte, na corrida presidencial temos candidatos sem mancha de honestidade no currículo de verdade, temos liberais (ou “anticomunistas”) de verdade, temos gente com experiência na área da segurança pública de verdade. Não justifica o outro clichê, de que “apontar o ruim é fácil, quero ver apontar um bom”. Bolsonaro não. Ele não. #elenão.
Bolsonaro não é simplesmente o pior dos candidatos. Não é apenas a mistura da falta de experiência com a truculência com o despreparo com o preconceito. Ele é o risco de jogar o Brasil na maior e mais catastrófica aventura que um país tão machucado já teve. É tentar vingar-se de quem te traiu ateando fogo ao próprio corpo.
Por isso não sou contra Bolsonaro, apesar de ser contra todas as ferramentas que o transformaram em “mito”. Quero acolher o papel que lhe cabe num mundo democrático em que as ideias, inclusive as conservadoras, sejam bem-vindas à mesa. Mas para presidente, por favor, #elenão.
Ótimo argumento. #elenao
Porém, discordo no que diz respeito à manifestação de suas posições intolerantes. Não é possível aceitar um discurso de ódio e intolerância. Esse tipo de comportamento deve ser punido, sob o risco de deixarmos de ser uma sociedade tolerante. Sim, isso é contraditório, mas é exatamente assim. No mais parabéns pelo excelente texto.
Sou contra o Bolsonaro exatamente por causa de todos os argumentos expostos por você, Ricardo Alexandre, mas reconheço que a existência dele deve ser garantida, assim como o direito de vomitar suas ideias asquerosas, pelo bem da democracia. Entretanto, jamais para presidente e defendo que suas precisam ser combatidas e neutralizadas.
Concordo plenamente com seu texto! Colocação extremamente sóbria, ponderada e inteligente! Porém (ah se não fossem os poréns) sinto que falta uma reflexão…
Temos, historicamente, tido sérios problemas na condução da política… Desde os primórdios da República Velha até os mais recentes escândalos de corrupção que atingiram os partidos das mais variadas ideologias (se é que existem). O Estado foi sendo moldado a esse modelo e tem-se um mecanismo inviolável de perpetuação de poder. Troca-se pequenas peças, eventualmente uma troca aparente de “ideologia”, mas o cerne do mecanismo se mantém… Soa óbvio, mas é preciso lembrar disso pra desenvolvermos o ponto em que quero chegar…
Temos candidatos nessa disputa que bradam sua experiência no jogo político! Frequentemente isso é interpretado como um fator positivo, mas eu particularmente entendo como uma situação muito perigosa… Saber (e ter meios para) azeitar a máquina pública e fazê-la funcionar conforme seus interesses (ou de seu grupo) não só traz enormes prejuízos ao desenvolvimento da nação, como eterniza esse mesmo mecanismo! Objetivamente, temos candidatos com esse potencial… São eles: Alckmin, Ciro Gomes, Haddad e Meirelles. Boulos apesar de não ter estrutura partidária sólida, tem um alinhamento muito forte com o PT que poderia fornecer os meios que lhe faltam. Dessa forma restam Marina Silva, Amoedo, Alvaro Dias e infelizmente Bolsonaro…
Não estou defendendo idoneidade de nenhum deles, mas ressalto que esses últimos citados, ao meu ver, não teriam o domínio da máquina pública e consequentemente os mecanismos centenários dela vão enfraquecendo… É a única forma de se sonhar com uma reforma política nesse país… Se não houver essa ruptura, estaremos fadados a viver esse ciclo eternamente…
Por fim concluo, mesmo que Bolsonaro seja uma péssima opção para governar o país, a alternativa pode ser ainda mais desastrosa! Meu voto jamais será dele no primeiro turno, mas para um segundo turno, talvez seja a saída!
Bruno, essa é uma das questões axiomáticas a que eu me referia ali pelo final do texto. Acho que foi um dos efeitos colaterais da Lava-jato: a ideia de que a política não vale a pena. Se você PARTE desse axioma, seu raciocínio faz todo sentido. Mas eu parto do axioma de que o andídoto para a má política é a boa política, é a honestidade. Por exemplo: Ciro diz que vai continuar recebendo empreiteiras e lobbistas em seu gabinete, mas quer que todas as conversas sejam gravadas e disponibilizadas para a população imediatamente. Isso continua sendo política, mas, a meu ver, é boa política. A história do Brasil é esse circo tropicalista que estamos vendo hoje: golpes, seres populistas, bravatas, mandatos interrompidos, ameaças militares etc. Mas eu vivi 15 anos, de FHC1 a Lula2, de um Brasil muito diferente disso. Era, pelo menos, um país que não era uma piada internacional, sabe. Acho que é possível, e é possível pelos instrumentos da democracia, e não da loucura coletiva.
Engraçado, um texto tão incoerente como parecendo o discurso daquele seu amigo, que lá pelas tantas na noite, te encontra num bar e destila as suas idéias movidas ao “bode” do cigarro de maconha… até aí, já matamos a charada do fluxo deste artigo… mas tenho uma pergunta: – Se não é Bolsonaro, quem seria? Quem tem medo é o filhinho de papai, que tem a esquerda como reduto, porque ainda mora com a mamãe. Quem trabalha, tem filhos e quer viver num País onde os brasileiros sejam novamente felizes (vamos pelo menos pensar em andar pelas ruas de Copacabana sem medo e apenas encontrar os amigos para um happy hour depois de um dia de trabalho). Achar que ele não seria pelo menos uma alternativa é concordar com tudo o que está aí, hoje, a esquerda lutando para transformar o Brasil em uma Venezuela ou Cuba… onde o Lula ladrão manda, o Dirceu dialoga com todos sobre como roubar mais de quem trabalha (lembra daquela louca petista dizendo que a classe média é idiota e imbecil?), o Boulos podendo invadir as terras ou prédios pelo POVO mas cobra aluguel destes próprios manipulados, a Dilma continua viajando pelo mundo para passear em jatos da FAB, as crianças aprendem que o ânus é lindo e que podem enfiar o que quiser nele, as favelas aumentem a cada dia , os traficantes tenham mais direitos que os policiais, a família brasileira seja transformada em um engano da sociedade, que as meninas de 12 ou menos sejam estupradas por pedófilos
mas isso seja considerado apenas uma questão de opção, que o número de homicídios passe da casa de 60 mil pessoas por ano (era metade disso antes do desarmamento), que tenha gente morrendo de fome no sertão porque o PT disse que ia ajudar o “povo tê u qui cumê”, os políticos continuarem a ter foro privilegiado e desviar milhões da Petrobrás ou se aliar a empresas como Odebrecht, Globo, JBS e tantas outras somente para desviar dinheiro do BNDES, acreditar que alguém é esfaqueado porque provocou isso (as pessoas que são assaltadas não pediram isso, idem as que são assassinadas por causa de terem um celular ou carro, elas querem apenas viver e trabalhar dignamente para conseguir seus bens), que são os errados são os bandidos, enfim se quiser mais detalhes (Grande escritor do whisky com canabis), acesse http://www.dossieursal.com e aprenda que o Brasil é um país de um povo honesto que está sofrendo a anos por causa de gente petista, comunista, hipócrita e ignorante que deveria ir morar na Venezuela ou Cuba. Nunca fizeram nada como oposição e pioraram tudo como situação. Pede um copo de leite para a mamãe, vai fazer “xixi” e acende outro para viver sua vida sem graça. Nós queremos um Brasil honesto e direito.
Paulo, meu texto não é uma análise das propostas dos candidatos. Meu texto é o olhar de alguém que trabalha com comunicação tentando entender um fenômeno de mídia e popularidade. Se você não entendeu isso, parece claro que vai achar o artigo incoerente. Você tem todo o direito de votar em Bolsonaro por causa de tudo o que o PT fez e por tudo o que a tua corrente de WhatsApp garante que o PT fará, como controlar a mídia e mirar no modelo de governo venezuelano que o Haddad criticava ontem à noite no Jornal da Globo. Mas, respondendo sua pergunta, que é outro dos (poucos) clichês “Se não é Bolsonaro, quem seria?”, minha resposta é simples: qualquer um que esteja dentro do espectro democrático, que não represente o objetivo DECLARADO de um golpe contra as instituições democráticas. Quanto a isso (que não era, repito, o objetivo do texto), faço minhas as palavras do Adriano Silva, diretor do “Projeto Draft”, fundador da revista “Você SA”, ex-editor da “Exame”, empreendedor, liberal, mas que não joga o voto fora lutando contra boatos de WhatsApp:
Amigos, não me pronunciei até agora para não lhes tomar o tempo com mais um texto discorrendo sobre o óbvio. E também porque minha rede é mais ou menos depurada – de modo geral, não há gente mais burra do que eu me seguindo.
Mas com um provável segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, achei que era o momento de me expressar. (Desculpem pelas obviedades que seguem.)
Não pode haver dúvida nesse voto. Bem como no voto em qualquer candidato que por ventura seguir para um duelo com Bolsonaro.
Você pode sentir engulhos diante de Haddad. Pela foto com Maluf, pelo vídeo com Renan & Renanzinho, pelos malfeitos dos governos petistas, pelo messianismo de Lula, pela inépcia dos anos Dilma, pelo projeto de poder inescrupuloso do PT. (Embora pessoalmente, considere que Haddad tenha sido um bom ministro da Educação e um bom prefeito em São Paulo.) Você pode simplesmente não acreditar num projeto de esquerda. (Que no Brasil, diga-se, é mero discurso. Na prática, nosso velho fisiologismo está lá, com um twist – o aparelhamento da máquina toda.)
Você pode sentir engulhos diante de Ciro. Pelo destempero, pelo coronelismo intrínseco de família nordestina tradicional, pelo PDTismo, meio caudilho, meio pelego, que já era obsoleto e perigoso com Brizola, por sua vice Katia Abreu, que é aristocracia rural/feudal pura. (Embora Ciro tenha alguma obra construída no Ceará. Um Estado que tem obtido bons resultados em educação, por exemplo.)
Você pode sentir engulhos diante de Alckmin. Pelos malfeitos do PSDB – que nunca são investigados nem punidos. (Roubar merenda escolar deve ser um crime de fato menor do que amealhar uma cobertura no Guarujá.) Pelo Centrão que está com ele – um emaranhado de partidos com o que há de pior na política nacional, gente que se elege com o fim único de instalar balcões de negociatas em Brasília e se locupletar. (Embora os números da Segurança em São Paulo tenham melhorado com Alkmin.)
Então você pode ter dúvidas para escolher o menos pior entre esses três candidatos. Inclua aqui também seu engulho diante da inexperiência executiva e da aparente tibieza de Marina. Ou diante do Meirelles – junto com Amoedo, talvez o candidato com mais capacidade para ressuscitar a nossa economia, desacordada desde 2014 – e do tiro prévio que ele deu na própria têmpora ao sair pelo MDB, o partido de Temer, Romero Jucá, Eliseu Padilha, da quadrilha toda.
Mas você não pode ter dúvidas a respeito de NÃO votar em Bolsonaro.
Porque todos os demais candidatos estão dentro do espectro democrático. E Bolsonaro, não. É simples. Ponto.
Entre os outros, há quem queira aumentar a ação do Estado, há quem queira reformar o Estado, há quem queira diminuir o Estado, há até quem queira deixar tudo mais ou menos como está para levar adiante o velho patrimonialismo, o velho uso privado dos bens públicos, que nos define há 500 anos.
Mas nenhum deles defende o ódio e a perseguição às minorias. Nenhum deles opera pela comunicação violenta. Ou defende a tortura. Nenhum deles ameaça com estupro. Nenhum deles prevê a cassação de direitos civis, de direitos individuais, de conquistas democráticas mínimas e comuns a qualquer país civilizado.
Ou seja: Bolsonaro não pertence, ao menos em seu discurso estulto e bárbaro, ao terreno do diálogo. O que quer dizer que ele sequer pertence ao território da política. Bolsonaro significa a vitória dos preconceitos mais atrasados, das discriminações mais criminosas, da ideia da supremacia do macho branco heterossexual de meia idade com Deus pela família patriarcal sobre TODAS as demais acepções da vida em sociedade, e da ideia de que você resolve essas diferenças, bem como quaisquer outras, calando ou eliminando seu interlocutor.
Votar em Bolsonaro é desistir do Brasil e dos brasileiros, é desistir de si mesmo, é votar contra a História, é arrastar o Brasil para o passado, para a Ditadura, para o uso totalitário da força. A Democracia é um caminho longo e árduo – especialmente no Brasil. Mas não há outro caminho possível.
Se você tem uma mulher em sua família, você não pode votar em Bolsonaro. Se você tem um amigo negro ou pardo ou nordestino, você não pode votar em Bolsonaro. Se você tem um amigo ou amiga gay, você não pode votar em Bolsonaro. Se você tem algum respeito pelos outros – ou por si mesmo – não vote em Bolsonaro.
Muito bem!
Reclama do Bolsonaro ter crescido devido a clichês e faz um texto eivado de clichês sobre ele!
Para quem escreve, eivar um texto de clichês é pior do que para eleitores. Tenho certeza que você pode mostrar os trechos do meu texto que você já viu em outros lugares, para que eu possa me corrigir.
Axiomaticamente falando, digo que, se não houver fraude nas urnas, Bolsonaro ganhará no primeiro turno disparado.
E para aqueles que ficam com medinho que isto aconteça, como a Mônica, experimentem migrar para Cuba ou Venezuela, que são dois países ótimos segundo Lula e o PT e depois que Bolsonaro arrumar a casa aqui, voltem para se desculpar do que falaram e morder a língua.
Ora Ricardo, o Brasil já foi beeeeemmmm diferente disso que a esquerda deixou de herança. Tínhamos segurança, educação de qualidade e orgulho de sermos brasileiros, coisa que foi se perdendo a cada ano que a esquerda tentava mudar a cor de nossa bandeira. Agora chega!
Então! Axiomaticamente falando: ME POUPE!
Apesar de o meu texto ter um objetivo muito focado (tentar explicar, do ponto de vista da comunicação como Bolsonaro virou o fenômeno de popularidade de virou), vou manter seu comentário, especialmente para poder compartilhar um texto do Celso Rocha de Barros que pergunta justamente “Como chegamos ao ponto de essa proposta (de um golpe de estado) estar liderando as pesquisas”. É claro que ele está falando de um golpe DECLARADO, o do Bolsonaro e sua tropa: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2018/09/os-bolsonaristas-querem-dar-um-golpe.shtml?loggedpaywall
Gostei, Apenas discordo que “Bolsonaro não é simplesmente o pior dos candidatos.”
Longe de ser o melhor, mas, com certeza, está longe de ser o pior.
Não costumo fazer comentários em nenhum tipo de site, blog ou rede social, mas preciso deixar aqui minha gratidão pelo texto mais absolutamente lúcido que já tive o prazer de ler nesses tempos sem lucidez.
“Ele não”. Então, quem?
Alckmin ou Álvaro, para nanter tudo como está, por mais um mandato do ‘Centrão’ em que os deputados e senadores só votam o que lhes interessa para ali se manterem ou se defenderem por seus malfeitos?
Haddad, para devolver o país ao Lula, digo, acender outro ‘poste’ dele?
Meirelles ou Amoedo, para entregar o Brasil aos bancos?
Daciolo, aquela senhora ou Boulos, ainda mais inexperientes e/ou insignificantes politicamente que Jair???
Ninguém quer votar no misógino, racista, nepotista ou ‘boçal’ (rude, grosseiro)!
As dezenas de milhões de brasileiros que hão de votar em Bolsonaro querem apenas uma alternativa ou aposta em algo diferente disso que se perpetuou se pintando de ‘Democracia’ mas foi, em verdade uma ditadura do PMDB, do PSDB, do PT e seus ‘correligionários’, que passaram todo esse tempo pós-militarismo se locupletando com os altos impostos, as propinas e os privilégios ao invés de trabalharem pelo povo que os escolheu (ainda que por obrigação) como seus representantes!
A última proposta mostra duas características do seu perfil como pessoal que conflita com o profissional, este primeiro, vencendo sem dificuldades.
Não entendi o que você quis dizer, mas vou publicar assim mesmo. Espero que você não esteja ofendendo ninguém.
Bolsonaro não é um conservador, ele é uma indivíduo com tendências autoritárias e retrógradas. Um conservador não idealiza passado (como Bolsonaro) ou futuro, não vive de utopias preteritas ou futuras. Um conservador aceita o jogo democrático e denuncia quem busca destruí-lo por meio de apego a mundos ideais. Não, Bolsonaro não cabe dentro da democracia. Não há porque ser tolerante com intolerantes.
Essa é uma boa discussão. Não quis inclui-la porque quis me manter no assunto da construção do fenômeno de mídia. Mas acho perigosa essa ideia de “ser intolerante contra a intolerância”, porque em algum momento uma liberdade vai ser chocar contra outra, e nesse ponto alguém fora do debate vai precisar determinar o que é e o que não é intolerância – e nesse ponto já deixou de ser liberdade. Gosto da reflexão proposta pelo D.A. Carson no livro “A intolerância da tolerância”, apesar de não concordar com tudo o que ele diz.
Lúcido demais! Excelente texto.
Onde está o link com o estudo do Forastieri?
Acho que esse estudo é das internas.